Há mais de vinte anos que nos habituámos a ouvir e a disseminar uns dos princípios basilares da modernização administrativa – A necessidade de orientar a administração pública para as necessidades do cidadão. No entanto, este princípio ainda está muito longe de ser interiorizado nas atitudes e comportamentos da maioria dos políticos e responsáveis do sector público.
Trata-se acima de tudo de respeitar e aprender a valorizar a cidadania activa, enquanto parte integrante e indissociável da governação. O pensamento da gestão actual reforça a ideia que o maior erro das organizações públicas e privadas, mesmo quando têm ideias e produtos brilhantes e vencedores, é o distanciamento que continuam a manter em relação aos seus clientes, mesmo aqueles que lhes são mais fiéis.
O melhor modelo de gerar inovação é "sair para a rua". A nova "buzzword" para esta perspectiva de gestão chama-se "open innovation" (inovação aberta) ou inovação no sentido "outside-in" (de fora-para-dentro). A maior parte dos poderes públicos ainda olham o cidadão como um estorvo ignorante durante as fases de concepção e realização da modernização administrativa, alguém que só deve participar na fase final dos projectos simplesmente para os aplaudir.
Durante a concepção e a realização dos projectos de inovação e mudança a sociedade civil raramente é consultada e é quase sempre impedida de desempenhar um papel de verdadeira cidadania activa, pois os cidadãos continuam a ser tratados apenas como meros “administrados”, bem ao jeito do pensamento administrativo mais convencional e conservador.
domingo, setembro 17, 2006
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2 comentários:
Cara Luís Vidigal:
Tenho acompanhado o que escreve e, de facto, reconheço que o seu conhecimento sobre estas matérias é muito interessante.
Tem razão neste post em relação ao que diz em relação ao cidadão. de facto, um conjunto de pressões externas sobre a Adminstração Pública, inclusivamente sob o ponto de vista financeiro, fazem com o cidadão não seja, de facto, o foco de toda a intervenção e de todo o investimento. Julgo que isso é decisivo para não conseguirmos (se calhar nunca) a desejável interoperabilidade dos vários serviços públicos. A lógica da capela não perdoa. E o cidadão é que perde!
Não é só o cidadão que perde é o próprio Estado que não sai do ciclo vicioso do despesismo, para alimentar castelos e cortes feudais.
Mais do que gerir redes colaborativas que sejam capazes de incluir e estimular a cidadania activa, os poderes públicos a todos os níveis estão mais preocupados em gerir agendas políticas e fazer saltar coelhos da cartola para o cidadão aplaudir passivamente.
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