sábado, setembro 22, 2007

Portugal retoma o topo da Europa após 6 anos de avaliações


Portugal na 7ª edição, desde 2001, do BENCHMARKING THE SUPPLY OF ONLINE PUBLIC SERVICES, encomendado à Capgemini e publicado este mês, atingiu as posições mais elevadas de sempre do ranking dos países europeus:

3º lugar na Disponibilização de Serviços Online

4º lugar na Sofisticação técnica (Sobretudo para as Empresas)

Referências sobre Portugal:

‘Fast Movers’: Portugal has made major progress since 2006.
...
The “fully available online” indicator for Portugal has leapfrogged from 60% in 2006 to 90% this year, indicating a very marked improvement of transactional public service delivery since the 2006 measurement. Portugal now stands 3rd in this ranking.

The assessment of online sophistication of Portugal according to the new method shows an average of 90% which again is high score, far above the EU27+ average, putting Portugal 4th in the ranking. All of the business services attain 100%, while the citizen services stand at 84%.

Five out of the nine defined pro-active “stage 5” services attains the maximum score. Thus pro-active user-centric service delivery is developing well in Portugal.

Concerning user centricity, Portugal scores with 22% above the EU27+ average of 19%.

The national government portal, scores 88% (average EU27+ of 75%) and provides direct access to most of the public services. Usability and personalization of the sites is good

Neste relatório o Portal da Saúde e mais uma vez os Impostos foram as estrelas mais destacadas

Ver também:

O meu Portfolio de Projectos


Ao longo dos anos habituei-me a não dramatizar a falta de apoio político que conjunturalmente muitas vezes me confrontei, pois sempre acreditei que, mais cedo ou mais tarde, a evolução do "Processo Histórico" faria as coisas acontecer.
A diferença está na capacidade de abrir a visão dos políticos para além do seu território e do seu período eleitoral. Trata-se de alargar o Espaço e o Tempo, que deveria distinguir a boa Governança da gestão do dia-a-dia, que infelizmente ainda predomina na maioria dos responsáveis do sector público e privado.
Ainda não desisti e vou continuando a encher os meus três cestos e garanto-vos que o cesto do "Processo Histórico" vai ficando cada vez mais cheio.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Precisamos de um jogo limpo e transparente

Agora que as peças da coordenação da modernização administrativa e das TIC na AP estão colocadas no tabuleiro e que finalmente parecem ser claras as atribuições de cada um dos actores, espero que se olhe para o futuro com mais abertura e disponibilidade para cooperar sem mentiras, sem cinismos, nem instrumentalização política.
Os organismos e os funcionários já se podem olhar de frente sem medo de invasão dos seus territórios e podem privilegiar de uma vez por todas as cadeias de valor e os processos interdepartamentais para servir a sociedade. Será que vai ser mesmo assim?
Nos últimos quatro anos denunciei muitas vezes a confusão que se foi instalando entre as competências legais atribuídas a alguns organismos de coordenação, desde há muito fragilizados, e as usurpações pessoais e políticas assumidas por algumas estruturas de missão criadas ad hoc, mas desde o início dispostas a perpectuar-se e a substituir estruturas já existentes, mas desde há muito desacreditadas do ponto de vista técinico e político.
Apenas lamento que o jogo tenha acabado num tabuleiro em que se inverteram algumas das soberanias e alguns dos princípios basilares da organização administrativa do Estado.
Temos que reaprender a viver nos novos tempos. A Administração Indirecta do Estado (agências, institutos, empresas, etc) está a coordenar e, nalguns casos, a instrumentalizar a Administração Directa do Estado (direcções gerais).
Temos de repensar e reescrever todo o Direito Administrativo.
Mas mais grave do que isso!
Nos últimos anos proliferaram pessoas colectivas de direito privado por onde passa uma grande fatia dos dinheiros públicos do nosso país, principalmente nas áreas da Educação, Saúde e Autarquias. Trata-se de fugas evidentes ao direito público e à transparência que deveria decorrer da prestação de contas, que são próprias de um país democrático.
Tentei nos últimos anos como dirigente na área das Finanças e da Administração Pública, criar um sistema transparente de gestão dos recursos do Estado, salvaguardando as autonomias, mas criando condições de accountability aos vários níveis (tutelas políticas, Tribunal de Contas e sociedade em geral).
Tornar a informação e os actos administrativos transparentes e responsáveis parece ser ainda um incómodo para muitos sectores.
Quem não tem nada a esconder não tem medo de se expor de forma transparente, e de prestar contas pelos seus actos, que não deixam de ser administrativos pelo facto de estarem escondidos por detrás do “direito privado” ou de autonomias, sejam elas funcionais, regionais ou locais.
É de dinheiros públicos que estou a falar e por isso a sociedade e a democracia exige transparência e prestação de contas.
Aprendi nos últimos tempos que é difícil defender estas ideias e que os sistemas de informação que proponho são “demasiado” transparentes para serem aceites por alguns territórios opacos e auto-protegidos.
Sou um funcionário público com 36 anos de serviço, que jamais trocará o carácter e a cidadania activa por subordinações e cumplicidades duvidosas – Mais uma vez estou a sentir a “solidão da mudança”.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Estou vivo e ainda irreverente

Muita gente me telefonou e falou comigo por causa do post anterior, dizendo-me que mais parecia uma despedida. Desenganem-se, pois eu ainda estou vivo e irreverente como sempre fui, esteja eu onde estiver:-))

terça-feira, setembro 11, 2007

Crenças e paradoxos de um velho funcionário público

Em 36 anos como funcionário público aprendi que:

  • As pessoas são genuinamente boas e generosas, se nada interferir com os seus interesses pessoais;
  • As pessoas são mesquinhas, egoístas e hipócritas, quando estão em causa os seus interesses pessoais;
  • As pessoas, os organismos e os ministérios têm um instinto subliminar de defesa dos seus territórios;
  • O desenho e a viabilização de processos orientados às necessidades dos cidadãos e agentes económicos contrariam a natureza humana de defesa territorial;
  • Quando existem interesses divergentes e medo de ingerência alheia no nosso território, fazemos tudo para chegar a um acordo de não agressão e de continuarmos cinicamente a manter tudo na mesma;
  • Quando queremos manter tudo na mesma e não fazer nada, protegemos e louvamos não apenas a nossa, mas todas as “quintas” à nossa volta.

Em todos estes anos acabei por constatar que os meus grandes sucessos e os meus grandes fracassos decorreram sempre de uma postura coerente e de que não me arrependo:

  • Falei a verdade, privilegiei a frontalidade e denunciei a hipocrisia;
  • Privilegiei processos interdepartamentais em vez de pessoas e organismos;
  • Dei prioridade às necessidades dos cidadãos e agentes económicos e não a cada organismo ou tutela a que estava vinculado;
  • Assumi com orgulho a condição de funcionário público, comprometido através de juramento com o Serviço Público;
  • Encarei o Estado como um sistema único e não como uma soma de partes;
  • Gostei sempre de ensinar, porque gostei sempre de aprender;
  • Incuti em todos os meus colegas e alunos uma visão sobre os sistemas muito para além das fronteiras de cada organismo;
  • Propaguei a partilha e a reutilização de infraestruturas e informação;
  • Fui independente em relação a fornecedores e tecnologias;

Numa palavra: Contrariei a natureza humana, para inovar e transformar os sistemas e os organismos por onde passei! Fui louvado e punido por isso, mas considero que o saldo da minha vida como funcionário público foi positivo e gratificante.

Obrigado a todos os que acreditaram e mim e me apoiaram e a todos os que me desafiaram pela frente, mas o meu desprezo a todos quantos me denegriram pelas costas, na maioria das vezes sem sequer me conhecerem pessoal ou profissionalmente.

Portugal injustamente avaliado no Relatório Anual sobre e-Government da Accenture

Independentemente do 16º lugar no ranking dos 22 países analisados em todo o mundo, parece-nos injusta a apreciação de que nada foi feito nos últimos três anos e de que a percepção dos cidadãos piorou bastante em Portugal.
É por estas e por outras razões que não devemos entrar em euforias e desencantos perante os benchmarkings que se perfilam todos os anos à nossa frente.
Ver o relatório "2007 Leadership in Customer Service: Delivering on the Promise" no sítio da Accenture

Ver também "Parabéns a Portugal pelo 7º lugar em 198 países"