quarta-feira, abril 05, 2006

"The II is dead, long live the II"

Através do PRACE aparentemente o Instituto e Informática (II) vai ser extinto na próxima lei orgânica do Ministério das Finanças e da Administração Pública (MFAP) após 29 anos de história notável, mas de forma surpreendente parece que ressuscita no Ministério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS).
Estranha-se que no Relatório Bilhim o II tenha permanecido no MFAP e no Relatório do Governo tenha desaparecido.
No Relatório Bilhim o IIESS (Instituto de Informática e Estatística da Segurança Social) tinha-se convertido em Departamento de Informática do MTSS e no Relatório do Governo passou a designar-se Instituto de Informática (ponto!).
Espera-se que esta volatilidade e troca de nomes se esclareça rapidamente.
Aparentemente o Instituto de Informática do MFAP vai ser repartido em quatro partes:
  • Uma parte para o Departamento de TIC (Gestão e Desenvolvimento)?
  • Uma parte para a Agência para a Modernização Administrativa (Coordenação na AP e Normalização)?
  • Uma parte para a Unidade de Missão de Serviços Partilhados da AP (Exploração e Infra-estruturas)?
  • Uma parte para a DGITA, a quem surpreendentemente se abre a hipótese no Relatório Bilhim de alargar os seus serviços a outros organismos do MFAP (???)?
Entre outras, subsistem ainda muitas dúvidas no modelo de Governança dos SI/TI:
  • Os Serviços Partilhados da AP (Exploração e Infra-estruturas) que vão ser criados no MFAP irão ser apenas para o MFAP ou irão ser alargados a outros serviços da AP?
  • A Agência para a Modernização Administrativa vai criar um novo Centro ou vai reutilizar e partilhar as infra-estruturas tecnológicas com o MFAP?
  • Onde vai ficar a plataforma de Interoperabilidade e a autenticação dos funcionários públicos?

A bem dos critérios de Eficiência, Eficácia e Economia, espero que estas dúvidas se esclareçam rapidamente para que os serviços não se arrastem por mais quatro anos na incerteza e confusões de competências, como aconteceu nos dois governos anteriores.
O jogo tem de ser claro e justo. Não se pode continuar a assistir ao espectáculo deplorável de estrangulamento financeiro de organismos por parte de alguns centros de poder designados ad hoc e à pilhagem de recursos humanos de uns organismos em relação aos outros por escandalosos desequilíbrios de estatutos e privilégios entre os vários departamentos de SI/TI.
A Reforma do Estado não se pode basear em preconceitos, invejas e vinganças, mas numa racionalidade clara, coerente e equitativa.


PS: Ajudei o dr Fernandes Costa desde 1976 a criar o Instituto de Informática e fui o primeiro funcionário a tomar posse nesta instituição. Não será apenas como dirigente, mas sobretudo como um dos funcionários mais antigos desta casa que lamento profundamente a injustiça que está a ser cometida para todos quantos lá trabalham ou nela já trabalharam noutros tempos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Haja alguém que fale com clareza e frontalidade.

A minha concordância e os meus parabéns Vidigal.

Tânia Peixoto

Anónimo disse...

A minha visão de "míudo" na Organização leva-me a recorrer à sabedoria ancestral portuguesa,sintetizada em adágios Populares, para comentar esta situação:

1.À mulher de César não basta sê-lo, tem também que parecê-lo;

2. Quem semeia ventos colhe tempestades;

3.O pior cego é aquele que não quer ver.


Paulo Carvalho

Anónimo disse...

Tenho sempre dificuldade em comentar estes acontecimentos pois tenho sempre a sensação que me falta informação para fazer um comentário devidamente baseado em argumentos sólidos no entanto aqui vai: Acerca do declinio do II já oiço falar dele desde 1999 quando entrei para este organismo. É um facto que o descrédito deve ser atribuído em primeiro lugar aos dirigentes,pois são eles que tomam as decisões estratégicas, sendo que eles não são todos iguais e as
generalizações nunca são do meu ponto de vista uma atitude inteligente. Parece-me importante deixar algumas questões? Será que faz sentido a existência de um organismo com o peso (orçamental e humano) do II quando quase todos os principais projectos são executados em larga escala por empresas externas? Vale a pena manter um organismo com cerca de 220 pessoas quando se transmite uma imagem de falta de capacidade dos recursos existentes para levar a cabo grandes projectos? Outsourcing e sub-contratação são
conceitos muito em voga e bastante "caros" principalmente ao sector privado e aos "tablóides" de gestão americanos que abundam no meio e que se impõem como
fatais inevitabilidades. A Administração Pública não está isolada do restante contexto mas não podemos esquecer que a AP deve ser orientada numa perspectiva
de serviço e as empresas privadas são e serão sempre e em primeiro lugar orientadas numa perspectiva de negócio...não raras vezes a conciliação não é fácil.Resumindo talvez a imagem que se tem acentuado nos ultimos anos é que o II é uma casa para planear e controlar o que vai sendo feito por outros e não para fazer...Nesta orientação TALVEZ,e sublinho o TALVEZ, não seja necessária tanta gente nem uma estrutura como ela existe.

Pedro Maia

Luis Vidigal disse...

Não me posso abrir a quem se fecha para mim
Estarei totalmente disponível para falar consigo no Instituto ou em qualquer outro lugar não anónimo, para perceber melhor o que o atormenta.
Ajudei o dr Fernandes Costa desde 1976 a criar o Instituto de Informática e fui o primeiro funcionário a tomar posse nesta instituição. Não será apenas como dirigente, mas sobretudo como um dos funcionários mais antigos desta casa que lamento profundamente a injustiça que está a ser cometida para todos quantos lá trabalham ou nela já trabalharam noutros tempos.
Não é o meu cargo que quero proteger, pois se me conhecesse melhor saberia que estou permanentemente disposto a deixar de ser dirigente quando se quebra a solidariedade com quem me nomeou.
Sei que estou já demasiado velho para entender alguma falta de ética nestas comunidades.
Comecei no início dos anos 90 (antes da Web) a participar em BBS bastante polémicas, talvez por isso não me consigo adaptar ao anonimato.
Com 57 anos ainda tenho algumas ilusões em mudar o mundo e acredite que já tenho contribuido muitas vezes com alguns contributos dentro e fora do país.
Se não quiser continuar a conversa de forma aberta, termino aqui o meu diálogo.