Pela primeira vez em muitos anos estamos a assistir a um teste à responsabilidade, capacidade de decisão e focagem no essencial dos gestores de topo da Administração Pública.
Como foi anunciado e consta dos relatórios sectoriais do PRACE, é intenção do actual Governo reduzir significativamente o número de cargos dirigentes do Estado. Por isso foi atribuída à generalidade dos organismos públicos uma quota limitada de dirigentes, para serem utilizados numa estrutura mais “magra”, mas mais confinada às atribuições essenciais de cada organismo.
Infelizmente estamos a assistir a uma desresponsabilização e mesmo a uma desobediência generalizada dos dirigentes de topo que, “ensanduíchados” entre as orientações políticas e as pressões das suas actuais estruturas dependentes, preferem continuar a desempenhar o papel de “bonzinhos da fita”, propondo estruturas praticamente idênticas às actuais para agradar aos seus subordinados e remeter para as respectivas tutelas políticas o papel odioso de efectuar os “cortes” menos racionais e até indiscriminados.
No final estes dirigentes de topo que cultivam o "V. Exª decidirá" ficam sempre a ganhar, quer acabem por ser "heróis conquistadores de cargos” suplementares para os seus organismos, quer acabem por ser “vítimas incompreendidas” de políticos intransigentes e determinados.
Esta já é uma prática corrente na elaboração dos orçamentos, em que anualmente se “atira o barro à parede para ver se pega”. Depois os organismos queixam-se que o Governo e em particular os contabilistas do Ministério das Finanças procedem a cortes indiscriminados, não só em “gordura”, mas também no “músculo” e até em “órgãos vitais”.
Esquecem-se que foram eles os responsáveis por não saber nas alturas adequadas decidir e fazer escolhas estratégicas em relação ao essencial do seu negócio.
Lembramos que existem por ai muitos cursos que incluem técnicas de Balanced Scorecard, análises SWOT e matrizes BCG, que fariam falta a muitos dirigentes indecisos e amedrontados com a situação actual.
Estão-se a viver momentos de grande contracção das estruturas do Estado, mas também é a altura adequada para se saber quem são os dirigentes corajosos e responsáveis e aqueles que não passam de "jogadores na roleta do poder" que querem sempre “estar bem com Deus e o diabo”, "agradar a gregos e troianos" e acreditam que é possível "fazer sol na eira e chuva no nabal".
Vamos ver se o PRACE não vai ser mais uma “montanha a parir um rato”, continuando assim a aumentar a espiral do défice em Portugal.
Cada Governo tem os dirigentes que merece!
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1 comentário:
Parir um rato? Só um rato? Com o amiguismo e o clientelismo habituais destas maiorias políticas, onde vale mais o cartão cor-de-laranja ou cor-de-rosa, consoante os eleitores vão alternando, o resultado costuma ser mas é ninhadas de ratos. E, sinceramente, não vejo ainda grande diferença neste governo para que seja diferente, muito pelo contrário, tentam-se implementar esquemas no ensino e noutros sistemas, em que as escolhas e os acessos aos topos de carreira, são cada vez menos públicos e cada vez mais dependentes de opiniões de manda-chuvas!
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